quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Legado secular impulsiona lavoura e pecuária
O cooperativismo, o melhoramento genético do gado leiteiro e a difusão do plantio direto abriram caminho à expansão do agronegócio brasileiro
Carlos Guimarães Filho
A herança dos imigrantes holandeses, que há 100 anos ocupam os Campos Gerais do Paraná, vai além das histórias de lutas e conquistas e das fazendas agropecuárias deixadas aos seus descendentes. As primeiras famílias de colonos a deixarem a Holanda, em meio à crise que castigava o continente europeu, mudaram o agronegócio brasileiro ao se assentarem em Carambeí e abrirem caminho para que outros grupos se estabelecessem, nas décadas seguintes, também em Castro e Arapoti. O cooperativismo, o melhoramento do gado leiteiro e a difusão do plantio direto são reconhecidos como iniciativas holandesas.
As três contribuições foram desenvolvidas para suprir a necessidade de produção e comércio e enfrentar os desafios impostos aos colonos holandeses no século passado. O sucesso inquestionável obtido ao longo das décadas fortaleceu os métodos e fez com que imigrantes de outras etnias e produtores brasileiros adotassem as mesmas tecnologias, que se tornaram imprescindíveis para a gropecuária nacional.
A filosofia cooperativista está espalhada hoje em todo o território brasileiro. De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), existem mais de 7,5 mil cooperativas no país, com mais de 7 milhões de associados. Nos mais diversos segmentos – agropecuária, crédito, serviços–, os cooperados seguem princípios adotados pelos holandeses desde a fundação da Batavo, em 1925.
“Praticamente todas as cooperativas que estão por aí podem ser consideradas resultado da experiência da Batavo. Não quero ser ufanista, mas foi a primeira que deu certo e serviu de modelo”, ressalta, com orgulho, o ex-presidente da Batavo e filho de um dos sete fundadores da cooperativa, Dick Carlos de Geus.
Melhoramento genético
Os holandeses estão entre os pioneiros que transformaram o Brasil em uma potência mundial na produção de leite. Os Campos Gerais alcançam hoje médias de produção por animal que tornam seu rebanho leiteiro um dos mais valorizados do país. São pelo menos sete décadas de melhoramento genético, relatam os pecuaristas.
Quando a Batavo foi criada, a média era de 4 litros de leite/dia por vaca. Hoje, são 26. Por sua vez, a Castrolanda produz, em média, 28 litros de leite/dia por animal, contra os 10 da sua fundação em 1960.
Manejo do solo
O Plantio Direto na Palha (PDP), utilizado hoje por 70% dos agricultores brasileiros, começou a ser difundido a partir da região, pela atuação do antigo Clube da Minhoca. Segundo Franke Djiktra, um dos primeiros defensores desse sistema de cultivo – que dispensa o revolvimento do solo antes do plantio, evitando erosão –, os holandeses se inspiraram em práticas adotadas nos Estados Unidos. Desde 1975, o PDP mostra-se mais eficiente que a prática convencional na produção de grãos.
Os imigrantes estavam também entre os pioneiros na mecanização da agricultura. Com apoio do governo holandês, compraram máquinas para otimizar o trabalho no campo, que depois deixou de ser revolvido em nome da sustentabilidade.
Fonte: Gazeta do Povo
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