segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Feijão transgênico desenvolvido pela Embrapa é aprovado na CTNBio

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou nesta quinta-feira (15) a liberação para cultivo comercial do feijão geneticamente modificado (GM) resistente ao vírus do mosaico dourado, pior inimigo da cultura no Brasil e na América do Sul.

Desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o feijão é a primeira planta transgênica aprovada comercialmente totalmente produzida por instituições públicas de pesquisa. Foram quase 10 anos de pesquisa em parceria entre a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – Cenargen e Embrapa Arroz e Feijão.
“Nos testes de campo realizados, mesmo com muita presença da mosca branca, inseto que transmite o vírus do mosaico, a planta transgênica não foi infectada pela doença”, afirma Francisco Aragão, pesquisador do Cenargen e um dos responsáveis pelo projeto.

Importância social, ambiental e econômica

O feijão é uma cultura de extrema relevância social, especialmente na América Latina e na África, sendo a leguminosa mais importante na alimentação de mais de 500 milhões de pessoas. No Brasil, é a principal fonte vegetal de proteínas e de ferro e, associado ao arroz, resulta em uma mistura ainda mais nutritiva.

A produção mundial de feijão é de mais de 12 milhões de toneladas. O Brasil ocupa o segundo lugar nesse ranking e a planta é produzida principalmente por pequenos agricultores, com cerca de 80% da produção e da área cultivada em propriedades com menos de 100 hectares. Uma vez que o vírus do mosaico dourado atinge a plantação ainda na fase inicial, pode causar perdas de até 100% na produção. Segundo estimativas da Embrapa Arroz e Feijão, os danos causados pela doença seriam suficientes para alimentar até 10 milhões de pessoas.

O feijão transgênico apresentou vantagens econômicas e ambientais, a exemplo da diminuição das perdas, a garantia das colheitas e a redução da aplicação de defensivos. Com a aprovação, as sementes transgênicas serão multiplicadas e devem chegar ao mercado em dois ou três anos.

“Todas as análises de segurança foram realizadas e o feijão geneticamente modificado é tão ou mais seguro que as variedades convencionais, tanto para o consumo humano quanto para o meio ambiente”, ressalta Aragão.

Nova tecnologia

Os pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Francisco Aragão, e da Embrapa Arroz e Feijão, Josias Faria, utilizaram quatro estratégias de transformação genética.

Em linhas gerais, eles modificaram geneticamente a planta para que ela produzisse pequenos fragmentos de RNA responsáveis pela ativação de seu mecanismo de defesa contra o vírus do mosaico dourado, devastador à lavoura. "Mimetizamos o sistema natural", diz Francisco Aragão.

Além disso, os fragmentos de RNA podem causar resistência a várias estirpes do mesmo vírus.

As informações são do CIB - O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).

Fonte: CIB

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