quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Eólicas acrescentarão quase 2 gigawatts de energia no sistema




As geradoras de energia eólica acrescentarão 2 gigawatts (GW) de potência ao sistema elétrico brasileiro. Trata-se do maior volume de uma fonte de energia alternativa já contratado-o preço médio ficou em R$ 99,55 por megawatt-hora (MWh). O valor foi acertado após dois dias de leilões (o de energia nova na quarta-feira, 17, e de reserva, encerrado ontem) realizados pelo governo para a contratação de energia elétrica para fornecimento a partir de 2014. "Os leilões quebraram o paradigma de que as usinas eólicas não conseguiriam competir com as térmicas a gás e que, além disso, não teriam condições de ofertar volume de dois dígitos a um preço abaixo dos R$ 100", afirma Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

"É um fato novo que obriga reflexão sobre o papel das eólicas na matriz energética brasileira". O destaque das eólicas nos leilões de energia já leva o governo a admitir a hipótese de contratar essa fonte energética pelo mesmo critério fixado para as usinas hidrelétricas, ou seja, pela quantidade da sua potência e não por disponibilidade, como é feito hoje. Isso pressupõe uma receita fixa menor do que a paga às hidrelétricas e outra que varia a medida que a usina é acionada - contrato atualmente feito com as termelétricas. "Sempre defendi a contratação das eólicas por quantidade e precisamos criar mecanismos para viabilizar isso", diz o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), NelsonHubner.

Os mecanismos seriam, por exemplo, testar o efeito de geração da eólica junto com a hídrica e elaborar uma série histórica de ventos para prever montantes de geração. Segundo Hubner, o Brasil precisa aproveitar a janela de oportunidades abertas pelo interesse dos fabricantes de aerogeradores, principalmente, europeus de entrar no Brasil. É a agressividade dos fornecedores, que entregam equipamentos a preços mais baixos para garantir mercado no país, que tem possibilitado a compra de energia a preço baixo.

"Tirando a China, com a qual é difícil de comparar, temos hoje um preço de geração de eólicas dos menores do mundo", diz Hubner. No total, foram 78 os empreendimentos eólicos contratados ao fim dos leilões. A dúvida que paira é se no Brasil há fabricantes de equipamentos suficientes para atender a um compromisso de geração na ordem de 2 GW. Mas Tolmasquim diz que o suporte será garantido pela entrada de quatro novas fabricantes já credenciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para se instalar no Brasil. Hoje os quatro fornecedores que existem no país garantem capacidade instalada de 2,8 mil MW por ano.


Biomassa

Um total de 11 empreendimentos foi contratado nos leilões, a preço médio de R$ 100,40 por MWh no leilão de reserva e de R$ 102,41 por MWh no de energia nova. Os valores surpreenderam diante das reclamações dos usineiros de que os custos por MWhpraticados em leilão inviabilizariam a venda de energia elétrica a partir do bagaço da cana. "As usinas responderam ao nosso desafio de que compraríamos toda a energia biomassa que pudesse ser vendida ao preço de hidrelétrica", diz Hubner. Mas o volume de energia de apenas 555 MWde potência, contratada nos dois leilões, ainda lança incertezas ante às perspectivas de assumir papel significativo dentro da matriz energética brasileira.


RENOVA

Energia de vento se mostrou competitiva nos dois dias de leilão O diretor administrativo, financeiro e de relações com investidores da Renova, Pedro Pileggi, diz que as usinas eólicas mostraram competitividade como fonte de energia. A empresa vendeu 213 MW divididos em nove projetos ao preço médio de R$ 98,53 MWh. Segundo Piagelli, o valor se viabiliza pelo ganho de escala. "O investimento total por megawatt instalado ficará abaixo de R$ 3,5 milhões", diz. Para o executivo, haverá cada vez menos espaço para empresas de pequeno e médio porte no segmento eólico. "O ganho de escala e a taxa de retorno são o que dão competitividade", diz.

Fonte: Brasil Econômico

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