sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Clima e canavial velho derrubam estimativa da Datagro para esta safra




A consultoria Datagro, uma das mais importantes do Brasil, revisou sua estimativa da safra 2011/12 na região Centro-Sul do Brasil, responsável por 89% de toda a cana-de-açúcar do País. Segundo nova estimativa, anunciada por seu presidente Plínio Nastari, a safra deste ano deve ficar em 517,3 milhões de toneladas de cana, bem inferior à safra registrada no ano passado.

Pelos novos números da Datagro, o rendimento de ATR também seria inferior à safra passada, em 9,3%, devendo chegar a 137 quilos de ATR por tonelada de cana. A produção de açúcar, com a nova estimativa, deve ficar em 31,8 milhões de toneladas, inferior à produção da safra 2010/11 que chegou a 33,5 milhões de toneladas. A produção de etanol também foi revisada para baixo, devendo chegar a 21,9 bilhões de litros, redução de 3,2 bilhões de litros no comparativo com a safra anterior, obrigando o país a importar cerca de 1,49 bilhão de litros de etanol.

"Esses novos números refletem o que estamos verificando em nossas avaliações sobre o estado dos canaviais e ainda não incorporam os efeitos das geadas dos dias 4 e 5 de agosto, então ela tem um viés de baixa", destacou Plínio Nastari.

Segundo o presidente da Datagro, o cenário "reflete a condição absolutamente anormal que está sendo verificada nesta safra em função da soma de uma série de efeitos negativos, como o atraso no desenvolvimento fisiológico da cana; a colheita de cana que ainda não tinha completado seu ciclo no início da safra; o florescimento do canavial, com florescimento em canas que ainda não tinham completado 12 meses, algumas com 8, 9 e 10 meses, encerrando seu ciclo; geadas dos dias 27 e 28 de junho; pestes e doenças que atingiram o canavial este ano de forma muito mais intensa, como a broca, migdólus, fenófilos, ferrugem alaranjada, e como se pouca desgraça não fosse ainda suficiente, tivemos a nova geada em agosto".


Perdas na colheita

A Datagro também percebeu outro fator, classificado por Nastari como um dos maiores problemas desta safra: as perdas em algumas regiões de até 17% do rendimento, em decorrência da colheita mecânica de cana mal feita. Essas perdas, ainda segundo o presidente da Datagro, "refletem a falta e a necessidade de treinamento de mão de obra para este movimento acelerado de mecanização para cumprimento do protocolo agroambiental em São Paulo e a exigência de outros estados".

Ainda segundo Plínio, a falta de mão de obra especializada na colheita mecanizada "mostra também a importância enorme e estratégica do treinamento de mão de obra e neste sentido só posso registrar o meu reconhecimento à UDOP e ao professor Salibe (presidente executivo da UDOP, Antonio Cesar Salibe) pela iniciativa já há vários anos de ter se preocupado com isto e ter criado através da UDOP toda uma universidade da cana, um sistema de treinamento que agora é fundamental".

Outro ponto destacado por Plínio Nastari é uma atenção especial quanto aos efeitos da antecipação do fim da safra, "porque com a antecipação pode acontecer de muitas usinas tomarem a decisão de deixar cana que ainda existe, mas com rendimento baixo que seria antieconômica ser colhida esse ano, então podemos ter um efeito adicional do que estamos medindo", concluiu o presidente da Datagro.

O processo de consolidação do setor e a crise mundial econômica de 2008, também foram citadas por Plínio Nastari como fatores que concorrem para o atual momento vivido pelo setor.

Rogério Mian
Fonte: Agência UDOP de Notícias

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