sexta-feira, 29 de julho de 2011

Dólar fecha a R$ 1,56 em segundo dia de alta; Bolsa ganha 0,7%


O dólar ficou mais caro pelo segundo dia no mercado de câmbio doméstico, ainda sofrendo do susto dos agentes financeiros com a munição pesada utilizada pelas autoridades econômicas. Até a terça-feira, muitos profissionais do setor financeiro já miravam R$ 1,50 como o mais provável "piso" para o câmbio. Hoje, alguns especialistas já contemplam o retorno para R$ 1,58 ou R$ 1,60.
A verdade é que os agentes financeiros ainda avaliam os efeitos das medidas anunciadas ontem pelo governo para conter a queda livre das taxas, embora já existam alguns consensos: efetivamente, o governo aumentou seu poder de intervenção nos negócios; as novas regras tendem a inibir a especulação com a moeda; e devem encarecer algumas operações para exportadores.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) já acenou com mais "artilharia": em entrevista à Globonews, adiantou que o governo pode elevar a alíquota do IOF (imposto sobre operações financeiras), que vai incidir sobre os derivativos, caso julgue que os níveis atuais sejam inócuos para conter a queda livre do câmbio. "Se 1% for pouco (...) a gente aumenta. O limite é 25%", afirmou.
Pela manhã, a moeda americana chegou a ser negociada na cotação máxima de R$ 1,570, cedeu para R$ 1,557 em seu ponto mais baixo, para encerrar o pregão de hoje em R$ 1,566, o que representa um aumento de 0,57% em cima do fechamento de ontem.
Já o dólar turismo foi vendido por R$ 1,670 e comprado por R$ 1,500 nas casas de câmbio paulistas. O Banco Central também não ficou ausente hoje, e comprou dólares por duas vezes: por volta das 12h (hora de Brasília) e depois das 16h.
A divisa dos EUA também se fortaleceu no front externo: o valor do euro caiu de US$ 1,444 para US$ 1,4260.
Na Bovespa, o Ibovespa, principal termômetro dos negócios, avançou 0,72% no fechamento, atingindo os 58.708 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,6 bilhões.
Após dias de nervosismo, os mercados experimentam um dia de relativa trégua: os integrantes da Casa dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados, no Brasil) americana devem votar hoje a proposta de ajustes fiscais, que pode reduzir a dívida federal e evitar que a maior economia mundial anuncie um "default" (suspensão de pagamentos).
PACOTE CAMBIAL
A nova medida provisória aumenta os poderes do governo regular as operações com dólar no mercado futuro --onde as operações financeiras são liquidadas com diferenças de semanas ou meses- e que tem enorme influência para a formação dos preços no mercado à vista. Também aumenta a taxação de IOF incidente sobre os negócios com a moeda.
O professor de Finanças do Ibmec-RJ, Gilberto Braga, elogia as novas medidas, embora ressalte: 'efetivamente, não resolve o problema [da depreciação cambial], mas contribui'.
'As medidas são legais, são legítimas, e o governo está no seu papel de fiscalizar esse mercado. Agora, é um tipo de mercado muito sofisticado, de operações muito complexas. A grande incerteza é como os agentes financeiros vão ter que documentar essas operações, qual vai ser o grau de fiscalização da Receita Federal', comenta ele.
Para o especialista, o governo efetivamente mudou de estratégia e adquiriu 'uma caixa de ferramentas muito maior', o que pode ter assustado os participantes do mercado financeiro.
O Ministério da Fazenda já avisou que pretende se reunir com integrantes dos bancos para discutir a implementação das novas medidas, e que somente deve passar a cobrar os tributos a partir de outubro.
JUROS FUTUROS
No mercado futuro de juros, os contratos de curto prazo ficaram praticamente estáveis, mas subiram nos vencimentos de prazo mais longo.
No contrato para outubro de 2011, a taxa prevista foi mantida em 12,43%. No vencimento de janeiro do ano que vem, a taxa projetada permaneceu em 12,47%. E no contrato para janeiro de 2013, a taxa avançou de 12,67% para 12,69%. Esses números são preliminares e estão sujeitos a ajustes.
O BC revelou hoje que as perspectivas para a trajetória da inflação melhoraram, em que se pesem as incertezas do cenário externo. A conclusão faz parte da ata da reunião do Copom (colegiado de diretores do banco), que na semana passada decidiu por ajustar a taxa básica de juros de 12,25% ao ano para 12,50%.

Fonte: Folha Online

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