segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Pesquisador usa fungos para reduzir aplicação de fertilizantes



A finitude do petróleo no planeta é tema há muito debatido pela sociedade. Alternativas aos combustíveis fósseis, como energia eólica ou solar, são aperfeiçoadas e ganham mais possibilidades de uso, ano após ano. Não é o caso de outro recurso não-renovável muito mais essencial à vida humana: o fósforo. Imprescindível para a fotossíntese das plantas, o não-metal é o único macronutriente ausente na atmosfera – encontrado apenas em rochedos ou no próprio solo, é extraído para a produção industrial de fertilizantes agrícolas. Sem substitutos possíveis (ao contrário do petróleo), o fósforo já apresenta uma demanda maior que sua oferta, o que pode colocar em risco, em poucas décadas, a produção de alimentos no mundo.

Uma das alternativas para diminuir a dependência de fertilizantes fosfatados na agricultura vem sendo estudada há mais de uma década na Universidade Regional de Blumenau (FURB) pelo biólogo e professor Sidney Luiz Stürmer. No final de 2012, seu projeto de pesquisa sobre o uso de fungos micorrízicos na agricultura e no reflorestamento, em parceria com duas universidades catarinenses (UFSC e Udesc) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), recebeu R$ 500 mil da FAPESC para desenvolver um inoculante micorrízico (produto para inserir fungos na raiz das plantas) capaz de atender às especificações da legislação e do mercado brasileiro.

Troca

Fungos micorrízicos arbusculares são aqueles que penetram nas raízes das plantas e, em troca dos carboidratos que absorvem delas, fornecem fósforo, nitrogênio e outros nutrientes em maior quantidade que a absorvida normalmente. A capacidade de melhorar a produtividade e a resistência de vegetais com o uso destes fungos começou a ser estudada na Inglaterra, nos anos 60.

Segundo Stürmer, PhD na área pela Universidade de West Virginia (Estados Unidos), as pesquisas no Brasil tiveram início no final da década seguinte. “Entretanto, até hoje a oferta de inoculadores micorrízicos no país é insipiente, ao contrário do que acontece na Europa, Colômbia e Estados Unidos, onde há leis que obrigam o uso destes fungos para diminuir o impacto ambiental e os gastos com fertilizantes químicos”, explica Stürmer. Além de questões legislativas, a não utilização de inoculante micorrízico na agricultura brasileira é também conseqüência da falta de políticas agrícolas para diminuir o uso de fertilizantes químicos, além do desconhecimento dos próprios agricultores.

Produtividade

O uso de inoculantes micorrízicos não dispensa a utilização destes fertilizantes, mas melhora a qualidade geral do solo. Estudos realizados no final da década de 1990 pelo especialista José Oswaldo Siqueira apontavam, após a inoculação dos fungos, um aumento de produtividade em cafezais mineiro de até 60 sacas por hectare. Em plantações de milho e soja, produtores conseguiram diminuir em até 56% a quantidade de fertilizantes com o mesmo ou até melhor retorno na safra. Na Serra Catarinense, no município de Anita Garibaldi, um experimento com milho, realizado há dois anos pelo professor Stürmer, também demonstrou um aumento na produtividade desta cultura com o uso de inoculante micorrízico.





Fonte: Furb

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